INTRODUÇÃO
O ensino e a aprendizagem estão cada vez mais ligados ao processo de
comunicação. Há uma mutação pedagógica no processo educacional
influenciando profundamente a relação aluno-professor-instituição de ensino.
O que antes era acessório para o desenvolvimento profissional e educacional,
hoje se mostra como parte essencial da educação.
Estudos (LEVY; 1999; MAIA, 2003; CORRÊA, 2005; POZO, 2008; VIEIRA,
2011; MENDONÇA, 2013) apontam questões relevantes sobre a transformação
metodológica na Educação da sociedade contemporânea, diante das novas
tecnologias de informação e comunicação (TICs), especialmente, na
modalidade de educação superior (IES) a distância (EAD). A modalidade a
distância tem sido usada tanto para a formação superior universal, quando na
formação profissional específica e corporativa.
No atual período permeado pela intervenção tecnológica, a Internet e as
ferramentas da TIC têm sido os pontos-chave de transformação, enquanto
processo inovador e capaz de estabelecer novos conceitos de interação social.
Elas trouxeram à organização social uma maior liberdade, em que o
sincronismo e tempo real substituíram o espaço e a interconexão substituiu
praticamente a questão do tempo (LEVY, 1999).
É justamente neste contexto virtual que surge a educação superior a
distância, fazendo uso dos mais variados recursos das TICs. No entanto, a fim de
que a EAD possa efetivamente contribuir para a emancipação dos indivíduos, é
essencial que haja uma eficiente Gestão desse processo. Para isso, faz-se
necessário compreender aspectos relacionados à importância das Tecnologias
de Informação e Comunicação na Educação a Distância em cursos superiores.
Diante disso, surge a questão-problema do estudo: quais os principais desafios
que a Gestão da TI tem enfrentado, frente à expressiva importância do uso das
ferramentas da Tecnologia da Informação e Comunicação no Ensino Superior à
distância?
O objectivo geral deste estudo consiste em analisar a importância da TIC
na Educação a Distância (EAD) do Ensino Superior. Para isso, os objetivos
específicos são: (a) realizar um resgate histórico da transformação da sociedade
até a era tecnológica; (b) verificar indicadores que demonstram o crescimento
da Educação a Distância (EAD) em IES; e (c) identificar importantes desafios na
Gestão das TICs no Ensino Superior a distância.
Desse modo, o estudo se justifica porque, na medida em que se trazem à
reflexão informações e fatos mostrando a importância da Gestão das TICs no
Ensino Superior à distância, pode-se influenciar positivamente a compreensão
de alunos, professores, faculdades, universidades etc. sobre a irreversibilidade
do uso desta modalidade de ensino. Por isso, é necessário fazer uso eficiente
dessas novas tecnologias na educação. Ou seja, mesmo estando em um estágio
evolutivo, a gestão dos recursos da TIC na Educação Superior a distância ainda
precisa percorrer um longo caminho para chegar a um nível de excelência em
termos de qualidade. Assim, o presente estudo procura contribuir com o
desenvolvimento do cenário educacional da EAD nas IES, ao trazer aspectos que
possam demonstrar tendências e desafios na Gestão das TICs, possibilitando,
assim, maior embasamento às tomadas de decisões das instituições
educacionais. Como ressalta Corrêa (2005, p.14), “[...] afinal, mais que artefatos,
os recursos tecnológicos podem e devem contribuir para a melhoria do
indivíduo, neste caso, em especial, para o processo ensino-aprendizagem da
sociedade contemporânea”.
O artigo se divide em cinco seções distintas. A primeira, ora descrita,
busca apresentar seu tema, os objetivos, a problematização e a justificativa do
estudo. Já a segunda seção consiste na fundamentação teórica, destacando-se
conceitos sobre TICs, EAD e IES. A terceira seção traz o desenvolvimento do
tema-problema, segundo os objetivos propostos inicialmente pelo estudo. A
seguir, na quarta seção, apresentam-se os resultados, mostrando as descobertas
da pesquisa em relação à coleta e análise dos resultados. Por fim, na quinta
seção, realizam-se as considerações finais do estudo, verificando se os resultados realmente respondem aos objetivos e à questão-problema do
mesmo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta etapa apresentam-se conceitos sobre EAD, TICs e IES.
Conceitos
Nesta etapa apresentam-se conceitos sobre EAD, TICs e IES.
Conceitos
Quanto ao conceito de educação a distância (EAD), Maia e Meirelles
(2003) salientam que os elementos centrais do EAD consistem: (a) na separação
física entre professor a aluno; (b) na maior influência da organização
educacional diferente da educação individual; (c) na utilização de meios
técnicos de comunicação para a transmissão de conteúdos dos professores aos
alunos; (d) na comunicação de mão-dupla, na qual o aluno pode se beneficiar
pela iniciativa do diálogo; (e) na realização de reuniões presenciais para fins
didáticos e de socialização; e (f) na “participação de uma forma industrializada
de educação, potencialmente revolucionária” (p.2). Já o MEC conceitua a EAD
afirmando que é uma forma de “ensino que possibilita a autoaprendizagem,
com a mediação de recursos didáticos [...] organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e
veiculados pelos diversos meios de comunicação” (MEC, 2013, p.1).
Segundo Vieira (2011, p.67): “o conceito de espaço e tempo é modificado e em
função desta especificidade, as TICs configuram-se como elementos
norteadores da aprendizagem, potencializando a integração entre os sujeitos
envolvidos e o conhecimento desejado”. Para Barbosa (2012), as TICs
trouxeram novo sentido à Educação a Distância, por meio de trocas sociais na
proposta pedagógica.
No entanto, Mendonça (2013) alerta que a Educação a
Distância depende significativamente das TICs para encurtar as diferenças de
tempo e espaço.
Já a denominação TIC, Tecnologias de Informação e Comunicação, diz
respeito aos procedimentos, métodos e equipamentos usados para processar a
informação e comunicá-la aos interessados. As TICs agilizaram o conteúdo da comunicação, através da digitalização e da comunicação em redes (Internet)
para a captação, transmissão e distribuição das informações, que podem
assumir a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som. O uso das TICs e a
maneira como as organizações públicas e privadas, indivíduos e setores
diversos da sociedade as utilizaram influenciou profundamente o surgimento da
atual “Sociedade da Informação” (MAIA, 2003). Para Ramos (2008), as TICs
possuem três áreas de aplicação: computador, comunicação e
controle/automação: “(a) um computador desempenha cálculos e operações
lógicas com facilidade, rapidez e fiabilidade [...]; (b) a comunicação é essencial à
condição humana [...] na qual ocorrem transmissão e recepção de informação;
(c) o controle/automação consiste em mecanismos, processos e equipamentos
industriais [...]” (RAMOS, 2008, p.7). Desse modo, as TICs são o elo fundamental
para Educação a Distância, sendo que, em sua ausência, não há a possibilidade
de interação entre aluno e professor (MAIA, 2003; VIEIRA, 2011; FERNANDES e
FERNANDES; 2011; BARBOSA, 2012; MENDONÇA, 2013).
Metodologia
A metodologia usada no estudo foi uma pesquisa bibliográfica de caráter
exploratório-descritivo, segundo entendimento de Gil (2008). Consiste em
pesquisa bibliográfica porque se baseou em materiais já publicados, compostos
especialmente por livros, revistas, artigos científicos, tese e por informações
especializadas em sites. As palavras-chave utilizadas para a busca foram
basicamente: “Tecnologia de Informação e Comunicação; Educação a Distância;
e Gestão de TI; e IES”. A coleta foi realizada em materiais impressos e meios
eletrônicos, sendo que as bibliografias selecionadas abrangem o período de
2001 a 2013. O tratamento dos dados se deu de forma qualitativa, por meio de
interpretações dos apontamentos dos especialistas do tema, procurando
atender aos objetivos destacados inicialmente.
Resgate histórico: da sociedade agrícola à sociedade tecnológica
Uma das melhores formas de explicar as transformações na sociedade é
por meio da análise das “ondas” de Alvin Tofler. Em sua obra, “A Terceira Onda”,
Tofler (2001) divide a civilização nas três grandes ondas de transformações: 1a
onda - revolução agrícola; 2a onda - revolução industrial; 3a onda - revolução
da informação. Na primeira onda, a agricultura é considerada por Tofler (2001)
como um ponto fundamental ao desenvolvimento humano. Ela marca a
primeira onda e começa por volta de 800 a.C e se estende por muito tempo. A
civilização da primeira onda (agricultura) “domina” o planeta até 1.750 d.C
aproximadamente. Já a segunda onda começa no início do século 20 e se
caracteriza pelo aumento do setor industrial na civilização. Aqui, os novos
paradigmas passaram a ser delineados pelos processos produtivos, que se
massificaram com o desenvolvimento de novas tecnologias.
Isso gerou a crescente urbanização e a formação de uma sociedade industrial (TOFLER,
2001).
Já na terceira onda, a maneira industrial de conceber o mundo não
reflete mais a visão de muitas pessoas, pois, como explica Tofler (2001),
representa um mundo novo baseado na informação e no conhecimento. Ela se
inicia proximamente à década de 50, nos EUA, quando o computador passa a
entrar no mundo dos negócios. Paralelamente, na aviação comercial, utiliza-se
o avião a jato, inicia-se o controle da natalidade, a televisão se torna universal e
a tecnologia de impacto cresce significativamente. Ainda na terceira onda, a
indústria não é mais o centro de tudo, sendo que o computador e a internet
permitem que o homem possa realizar suas atividades profissionais em casa, e
não na empresa.
É justamente nesta terceira onda, chamada atualmente também de “Era
da Informação; Conhecimento; Tecnologia”, que o homem vive cercado pela
tecnologia e ciência e pode fazer uso, por exemplo, de processos educativos a
distância, seja para o desenvolvimento profissional ou pessoal.
Desafios da Gestão da TIC nas instituições de ensino superior EAD
Maia (2003) salienta que o principal desafio da gestão das TICs nos cursos
superior em EAD é desenvolvimento de linguagem pedagógica apropriada para
a aprendizagem/ensino por meio do uso das TICs. A tutoria deve desenvolver
mais o papel de facilitador do que de especialista. É preciso ter uma equipe
especializada de apoio, que saiba usar as TICs e a pedagogia de ensino. Para
Maia e Meirelles (2003), esses desafios são: manter os alunos motivados;
incentivar a interação entre os alunos e entre alunos e professores; as
avaliações devem ser constantes e não estanques somente; ao professor
compete o ponto central e mais importante do processo; metodologia EAD deve
basear-se no lema “aprender a aprender”. Os autores reforçam que “[...] o gerador do conhecimento, o professor, talvez seja um dos maiores
dificultadores no processo de Educação a Distância” (MAIA; MEIRELLES, 2003,
p.8). Já para Perry, Timm e Ferreira (2006), os desafios da gestão consistem em
compreender adequadamente a oposição que existe entre a transmissão e a
construção de conhecimento. Isso pode auxiliar para o desenvolvimento de
estratégias didáticas e pedagógicas condizentes com a educação a distância. O
feedback dos tutores é essencial ao sucesso da EAD, além da apropriação das
TICs.
Ribeiro, Timm e Zaro (2007) afirmam que esses desafios voltam-se à
profissionalização da gestão como um todo: “[...] além de infra-estrutura tecnológica, um planejamento eficaz, dinâmico e adequado frente às demandas
de atendimento, não só dos clientes externos (alunos) [...], mas também frente à
satisfação dos clientes internos (equipe da instituição)” (p.3). Não é somente
uma questão de ter infraestrutura e pedagogia adequadas, mas ter critérios
claros de planejamento e gestão, bem como de uma capacidade de
acompanhar e coordenar eficientemente cada etapa do trabalho. No entanto,
“cada instituição de ensino deve desenvolver seus próprios profissionais [...]”
(p.7). Para Pozo (2008), os principais desafios na EAD consistem na capacidade
que as instituições precisam desenvolver para converter informação em
conhecimento. Para isso, é necessário modificar a concepção de ensino e
desenvolver novos caminhos, “muito além de uma simples mudança de
tecnologias e de comunicação e informação” (p.2). Outro importante desafio
apresentado pelo autor é “colocar a maneira presencial de aprender em
in¬teração com a maneira de aprender a distância [...], já que as TICs [...] estão
mais presentes na vida das pessoas [...] e isto é um fato incontes¬tável” (p.13).
Azzolino e Nabarretti (2008) comentam que esses desafios estão relacionados
ao fato de que as IES precisam se redesenhar frente às TICs na Educação. Elas
necessitam desenvolver métodos, técnicas e educadores capazes de preparar os
alunos (a sociedade) para absorver e filtrar tanta informação. Além disso, é
necessário acompanhar o surgimento de novas TICs na EAD, aprimorando seus
recursos humanos e, principalmente, pela readaptação de seus professores frente ao ambiente virtual. Nas palavras dos autores: “[...] grande parte dos
atuais professores ainda estão acostumados/acomodados com seus livros
marcados e remarcados, suas fichas e cadernos de anotações de aula que às
vezes utilizam há anos” (p.16).
Vieira (2011) comenta que os desafios na gestão das TICs na EAD em IES
são, basicamente, dois: (a) potencializar o uso das TICs para enriquecer e
facilitar o processo de ensino e aprendizagem; (b) capacitar as pessoas para
utilizarem as TICs. No entanto, o ensino na EAD deve fazer uso contínuo da
interatividade entre todos os integrantes. Por fim, Fernandes e Fernandes (2012)
salientam que esses desafios são: além do domínio dos recursos tecnológicos,
capacidade do educador em prender a atenção do aluno; extinguir a distância
em EAD por meio de interação constante entre os alunos, professores,
instituições, etc. Para manter a atenção dos estudantes, é preciso: interfaces de
fáceis manuseios; ambiente atrativo; ofertas de recursos para aprendizagem
individual e em grupo; acessos a fontes bibliográficas; comunicação interativa;
apresentações pessoais; opções avaliativas diversificadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo procurou mostrar a importância da Educação a Distância em
cursos superiores, tendo como objetivos específicos (a) realizar um resgate
histórico da transformação da sociedade até a Era Tecnológica; (b) verificar
indicadores que demonstram o crescimento da Educação a Distância (EAD) no
Ensino Superior; e (c) identificar os importantes desafios na Gestão da
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) nas IES a distância. Diante
disso, percebe-se que a transformação da sociedade passou por três principais
fases, ou “ondas”, como destacado pelo futurista Alvin Tofler (2001).
Primeiramente, a civilização baseava-se em atividades agrícolas (primeira onda)
e, gradativamente, com a expansão e o desenvolvimento tecnológico nas
fábricas, a sociedade passou ao domínio da indústria e massificação urbana
(segunda onda).
No entanto, à medida que o homem foi aprimorando seus
recursos tecnológicos, inclusive, pelo uso do computador, redes e TICs, o centro
da atenção deslocou-se da indústria para o domínio da informação e
conhecimento (terceira onda). Esta terceira onda, também chamada atualmente
de “Era do Conhecimento; Tecnológica; ou da Informação”, persiste até hoje, na
qual a educação distância vem ganhando cada vez mais importância para o
desenvolvimento pessoal e profissional.
Neste cenário, alguns indicadores vêm mostrando um crescimento
expressivo na oferta de cursos superiores a distancia no nível do Brasil. Junto a
isso, cresce, também, a quantidade de pessoas que possuem acesso às redes
(internet) e às TICs, inclusive, grande parte das pessoas que acessam às TICs na
rede, possui formação superior. Por outro lado, observou-se que, esse
crescimento na oferta de cursos superiores a distância, tem exigido que as IES
atuem com estratégias, táticas e ações capazes de atender à demanda desta
nova modalidade de ensino. Ou seja, os desafios que a Gestão de TI ou TIC nas
IES tem enfrentado neste contexto, estão relacionados a melhorias na
qualificação de Recursos Humanos de apoio; qualificação e readaptação dos
Professores à modalidade a distância; à metodologia de ensino e aprendizagem eficientes; à infra-estrutura adequada; ao domínio das TICs pelos IES; ao
acompanhamento do surgimentos das novas TICs; entre outros.
Desse modo, em reposta à questão-problema do estudo, sobre “quais os
principais desafios que a Gestão da TI tem enfrentado, frente à expressiva
importância do uso das ferramentas da tecnologia da informação e
comunicação no ensino superior a distância?”, pode-se afirmar que os desafios
da Gestão de TI estão ligados a cinco pontos fundamentais: (a) gestão de
pessoas; (b) gestão de processos; (c) gestão tecnológica; (d) administração da
integração; e (e) eficiência e eficácia dos resultados. Isto é, a Gestão da TI
defronta-se com desafios variados, abrangendo a metodologia de realizar o
ensino/aprendizagem; a qualificação do quadro de pessoal das IES; gerir
adequadamente as TICs; buscar a integração da equipe e com os alunos; e,
consequentemente, melhorar os resultados, tanto da própria IES, quanto da
formação educacional da sociedade.
Diante disso, os objetivos específicos foram alcançados, assim como
demonstrou-se a importância das TICs na Educação a Distância (EAD) do Ensino
Superior. Apesar de a pesquisa possuir limitação segundo a quantidade de
autores selecionados, acredita-se que a educação a distancia nas IES é de suma
importância para desenvolvimento do Brasil, desde que essa modalidade de
ensino não seja transformada em um processo de mercantilização; que prioriza
as embalagens ao invés do conteúdo. Assim, deixa-se como recomendação, a
realização de outros estudos acadêmicos, verificando, por exemplo, até que
ponto a qualidade da educação a distância tem crescido junto ao aumento da
sua oferta no mercado do ensino superior.
Fonte: http://portalrevistas.ucb.br/index.php/raead/article/viewFile/4399/2899
Como entender o impacto desta mudança na qualidade da educação?
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